sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Sobre o caso do menino acusado de matar os pais

O caso do menino deu muito mais o que falar que era previsto, o próprio delegado assumiu.
O meu texto também. Não esperava tamanha viralização ao postá-lo. Desde já, agradeço os comentários elogiando, criticando, xingando e também às "leituras silenciosas". Acho que se vocês leram e tantas pessoas gostaram, meu objetivo como escritor, ao redigir o artigo, foi atingido. Tentei responder aos comentários, mas mostrou-se impossível, então, lá vai uma resposta geral.


O problema é que isso se trata de mais do que meu objetivo como escritor. Se trata de um crime, e mais do que isso, do modo como o encaramos. A Luisa, minha colega no Causas Perdidas, já fez um discurso sensacional sobre isso nesse post, e eu vou reforçar o ponto dela: O garoto é vítima, não importa se é culpado ou não. As crianças que usam AR15 nas comunidades carentes são vítimas. Os menores armados pelo Senhor da Guerra são vítimas. Não importa o quadro clínico-mental, de alguma forma isso foi legitimado e aferido pela sociedade em que eles vivem. E é nisso que devemos refletir: descartando quem cometeu o crime, devemos simplesmente enterrar o caso e dizer "psicopata", do alto da nossa propriedade e conhecimento sobre a doença? Não faz diferença se ele é ou não é, se ele faz parte desse quadro. Isso é desumano e ofensivo. 

Será que se fosse um menino pobre as pessoas estariam vociferando em prol da redução da maioridade penal e dizendo o quanto a geração é corrupta, apesar do amor legado a ela? Quero acreditar que não, mas eu sei que estou errado. Infelizmente, há sim o social a ser contado quando um caso massifica. O preconceito implícito e velado na maioria das pessoas garante que elas, talvez inconscientemente, sejam hipócritas e percebam as coisas de uma maneira parcial. Quero deixar evidente que fiz o texto APENAS por crer que não é a condição social, quiçá física, do garoto, que deve ser levada em consideração ao pensarmos no caso. Em outras palavras, ele deve ter "direito de resposta", seja quem for. Sei que muitos morrem diariamente sem tal direito, e luto, juntamente com o Causas, para mudar essa realidade.

Dito isso e voltando ao campo da especulação, eu já não descarto completamente a possibilidade do garoto ser o assassino, mesmo tendo feito todo aquele texto argumentando por que ele não seria, e mesmo com alguns novos testemunhos recentes que deixam a história ainda mais mirabolante. Acho incorreto transformarmos nossas mentes em um cofre impossível de ser aberto, de nos apropriarmos de ideias quaisquer de modo a termos CERTEZA ABSOLUTA, e a prepotência de conhecermos tudo. É um erro comum - eu mesmo o cometi ao escrever o texto, dizendo que seria "impossível" o garoto cometer o assassinato, mas nada é impossível. Não devemos, ao especular, cair num maniqueísmo mesquinho. A argumentação é sempre importante, senhores,

Eu não vou argumentar, porém, contra o garoto; o IG fez isso, e apenas citá-los é suficiente. Leia os dois textos e tire sua conclusão, ou ignore o caso, ou ainda, xingue todo mundo e diga que é coisa dos Illuminatti, só acho que não deve-se APENAS chamá-lo de psicopata e desajuizado, como se isso fosse problema dele.

Reintero que eu sei que casos de psicopatia existem, também, em crianças.
Agradeço a quem me corrigiu com relação a algumas coisas no texto.
Agradeço a quem curtiu o texto, o Causas Perdidas ou o Críticas Óbvias.

Acho que existe uma outra discussão relevante à ponto de ser mencionada: Será que a polícia deveria divulgar o andamento das perícias, sabendo que a mídia (e eu, com meu texto, me incluo na mídia, apesar de ser mídia alternativa) irá criar suposições, muitas vezes inverdades, e muitas vezes irá usar e abusar do sensacionalismo, sendo que pode-se ter lucro em cima? Talvez. É  importante, todavia, a divulgação das perícias para exprimirmos uma opinião enquanto civis; é direito nosso conhecer o que nos cerca, conhecer o que houve.

Escrevi esse texto apenas para explicar alguns posicionamentos pessoais, desatrelar um pouco a minha imagem da minha argumentação no primeiro, já que o texto realmente foi muito mais longe do que o esperado, destarte não mais falo sobre o assunto. Como você pode chegar até aqui a partir do texto, e deve fazer isso antes de comentar ou tirar quaisquer conclusões precipitadas, considero tudo respondido.

Caso queira ler um pouco mais, ainda, sobre o efeito pós-viral (foi o meu primeiro escrito com tantas visualizações e compartilhamentos), escrevi aqui, também, sobre o assunto.

Obrigado e por favor continuem nos acompanhando!

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