quarta-feira, 13 de agosto de 2014

O culto ao português coloquial

Esse será um post recheado de academicismos (como este!), o que torna tudo um pouco irônico. Eu sou uma pessoa que fala difícil. Isso acaba sendo muito mais um problema do que uma qualidade; garanto a vocês que não impressiono mulheres quando falho miseravelmente no uso de mesóclises (pois é. Eu falo difícil e errado). Mas é uma característica adquirida por certa bagagem literária e por ser, no cerne, um acadêmico de direito. “Cerne”. Que palavra horrível...

Existe toda uma espécie de devoção formal à língua portuguesa escrita da maneira mais rebuscada que se possa imaginar. Com efeito, vemos profissionais do direito, políticos e coisas do tipo utilizando-se exaustivamente de palavras “incomuns”, apenas pelo regozijo de escrever formalmente. Provarem-se conhecedores da língua às outras pessoas que nada esperam exceto também provarem-se conhecedores da língua. A burocracia brasileira adora isso; é uma espécie de ostentação fora do normal, por eles chamada de “deleite imensurável” ou qualquer coisa do nível.