Esse será um post recheado de academicismos (como este!), o
que torna tudo um pouco irônico. Eu sou uma pessoa que fala difícil. Isso acaba sendo muito mais um problema do que uma
qualidade; garanto a vocês que não impressiono mulheres quando falho
miseravelmente no uso de mesóclises (pois é. Eu falo difícil e errado). Mas é uma característica
adquirida por certa bagagem literária e por ser, no cerne, um acadêmico de
direito. “Cerne”. Que palavra horrível...
Existe toda uma espécie de devoção formal à língua portuguesa escrita da maneira mais
rebuscada que se possa imaginar. Com efeito, vemos profissionais do direito,
políticos e coisas do tipo utilizando-se
exaustivamente de palavras “incomuns”, apenas pelo regozijo de escrever
formalmente. Provarem-se conhecedores da língua às outras pessoas que nada
esperam exceto também provarem-se conhecedores da língua. A burocracia
brasileira adora isso; é uma espécie de ostentação
fora do normal, por eles chamada de “deleite imensurável” ou qualquer coisa
do nível.